Muçulmano radical, Man Haron Monis tem passado ligado a crimes.
Após 16 horas, polícia invadiu café e sequestro acabou com três mortos.
A imprensa local australiana identificou nesta segunda-feira (15) o clérigo muçulmano Man Haron Monis como o sequestrador que manteve 17 reféns em um café de Sydney, na Austrália. O sequestro no Lindt Chocolat Cafe, em Martin Place, começou às 21h (horário de Brasília) de domingo e durou 16 horas. Dois reféns e o sequestrador acabaram mortos.
Segundo a rede australiana '9News', Monis nasceu Manteghi Bourjerdi e se mudou do Irã para a Austrália em 1996. Ele teria sido processado em 2009 após uma campanha de cartas de ódio para protestar contra a presença das tropas australianas no Afeganistão e foi condenado a 300 horas de trabalho comunitário em setembro de 2013.
Em novembro do ano passado, segundo a mesma emissora, ele voltou aos noticiários após ser suspeito de ter orquestrado o assassinato da ex-mulher Noleen Pal, que foi encontrada esfaqueada em um apartamento. Em abril deste ano, ele foi acusado de abusar sexualmente de sete mulheres enquanto trabalhava como um "curandeiro espiritual" em Wentworthville. Em outubro ele foi acusado de outros 40 crimes sexuais relacionados ao seu trabalho como líder espiritual.
Ainda de acordo com a rede de notícias, o xeique Haron, como é conhecido, estava em liberdade mediante fiança.
Uma brasileira estava entre os reféns. Segundo a família da personal trainer brasileira Marcia Mikhael, ela estava dentro do café e foi libertada com um ferimento no pé, sem gravidade. O irmão de Marcia relatou ter recebido mensagens pelas redes sociais. A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades brasileiras porque o escritório do Itamaraty em Sydney está no perímetro evacuado devido ao sequestro.
Após 16 horas de iniciado o sequestro, a polícia da Austrália invadiu o café na madrugada de terça (horário local) e efetuou diversos disparos. Três pessoas morreram, entre elas o atirador, e seis ficaram feridas, informou a polícia.
Nas primeiras horas do sequestro, imagens da emissora de TV Channel 7 mostraram pessoas com as mãos para o alto e uma bandeira negra fixada em uma vidraça da lanchonete com um texto em árabe no qual se lia "Não há outro Deus que Alá e Maomé é o mensageiro de Deus".
Duas horas antes do fim do sequestro, havia pouca movimentação no local. As luzes foram apagadas, e apenas uma pessoa, que seria o sequestrador, era vista andando dentro do local, segundo o repórter Chris Reason, da emissora "Channel 7", que tinha visão direta para o Lindt Cafe.
Libertados
As motivações do ataque ainda são desconhecidas. Por volta das 2h45, três homens saíram da lanchonete – dois deles pela entrada e outro pela saída de emergência. Por volta das 4h15, duas mulheres deixaram a cafeteria.
As motivações do ataque ainda são desconhecidas. Por volta das 2h45, três homens saíram da lanchonete – dois deles pela entrada e outro pela saída de emergência. Por volta das 4h15, duas mulheres deixaram a cafeteria.
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A vice-chefe de polícia local, Catherine Burn, informou que os primeiros cinco reféns libertados foram avaliados por médicos e ouvidos pela polícia.
A imprensa australiana identificou uma das reféns como Elly Chen, funcionária do café. Ela aparece saindo correndo em fotos feitas no local. Outro refém que deixou o local foi identificado como o advogado Stefan Balafoutis.
As autoridades de Nova Gales do Sul disseram que "os melhores negociadores do mundo" trabalharam para terminar o sequestro de forma pacífica.
A emissora local Network 10 afirmou que duas reféns mulheres disseram que o sequestrador tem duas bombas plantadas em outros locais da cidade.
De acordo com uma emissora local de televisão, o homem armado havia pedido que fosse entregue uma bandeira do grupo Estado Islâmico (EI) e advertiu que quatro bombas estariam escondidas na cidade.
A informação foi divulgada pela emissora "Channel 10", segundo a qual o homem armado teria conversado com dois reféns no café e teria apresentado duas demandas. A polícia não confirmou os relatos. Também houve informações de que reféns fizeram contato pelas redes sociais.
Prédios ao redor do café foram esvaziados, dentre eles o Consulado dos Estados Unidos no país e também a Ópera House, principal ponto turístico da cidade, que cancelou suas apresentações até esta terça-feira (16). Informações iniciais não confirmadas relatavam que um pacote suspeito estava no local.
A polícia confirmou uma operação no Ópera House, mas não forneceu mais detalhes. O Consulado dos Estados Unidos ficará fechado também nesta terça.
O Consulado do Brasil, que fica na área isolada pela polícia, estava fechado nesta segunda, mas mantinha contato com seus funcionários para obter e conceder informações.
Mais de 20 homens de unidades especiais e cerca de 50 agentes e detetives à paisana atuaram na região. Ônibus e trens que transitam pelo local foram desviados.
Em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro disse que não estava claro se a invasão ao café teria motivação política, mas que há indicações disso. "Este é um incidente muito preocupante. Compreendo a preocupação e a angústia do povo australiano. Há pessoas que querem nos fazer mal. A violência só serve para assustar. A Austrália é um lugar pacífico", assinalou Abbott ao pedir aos australianos para continuar o dia com normalidade e, em caso de observar movimentos suspeitos, chamar as autoridades locais.
Em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro disse que não estava claro se a invasão ao café teria motivação política, mas que há indicações disso. "Este é um incidente muito preocupante. Compreendo a preocupação e a angústia do povo australiano. Há pessoas que querem nos fazer mal. A violência só serve para assustar. A Austrália é um lugar pacífico", assinalou Abbott ao pedir aos australianos para continuar o dia com normalidade e, em caso de observar movimentos suspeitos, chamar as autoridades locais.
Reações
Na página oficial da Lindt Chocolate Cafe Austrália no Facebook, a companhia agradeceu o apoio e disse estar "profundamente preocupada com o grave incidente". "Nossos pensamentos e orações estão com a equipe e os clientes envolvidos e todos os seus amigos e famílias", diz o comunicado.
Na página oficial da Lindt Chocolate Cafe Austrália no Facebook, a companhia agradeceu o apoio e disse estar "profundamente preocupada com o grave incidente". "Nossos pensamentos e orações estão com a equipe e os clientes envolvidos e todos os seus amigos e famílias", diz o comunicado.
Mais de 40 grupos muçulmanos australianos condenaram a tomada de reféns. "Nós rejeitamos qualquer tentativa de tirar vidas inocentes de seres humanos ou de instilar medo e terror em seus corações", afirmam em um comunicado, que chama a tomada de reféns de "ato desprezível". As autoridades também expressaram seu apoio e solidariedade para com as famílias das vítimas.
Os grupos muçulmanos indicaram que a inscrição "não representa um posicionamento político, e sim reafirma o testemunho da fé do qual se apropriaram de maneira indevida indivíduos desorientados que não representam ninguém, exceto a si mesmos".
"Este ato desprezível serve apenas para as agendas daqueles que buscam destruir a boa vontade do povo da Austrália e para prejudicar e ridiculizar a religião do islã e os muçulmanos australianos", completa a nota.
Terrorismo
A Martin Place, praça onde fica o Lindt Chocolat Cafe, está localizada no centro financeiro de Sidney, onde fica também o escritório do primeiro-ministro, a emissora de TV Channel 7, o Reserve Bank of Australia e alguns dos maiores bancos do país. O Parlamento australiano fica a apenas algumas quadras dali.
A Martin Place, praça onde fica o Lindt Chocolat Cafe, está localizada no centro financeiro de Sidney, onde fica também o escritório do primeiro-ministro, a emissora de TV Channel 7, o Reserve Bank of Australia e alguns dos maiores bancos do país. O Parlamento australiano fica a apenas algumas quadras dali.
O sequestro coincide com a detenção, em uma operação em separado, de um homem de 25 anos no noroeste de Sydney por supostos delitos por terrorismo. A detenção está ligada a um plano para realizar um ataque terrorista em solo australiano e a facilitação do deslocamento de cidadãos australianos para a Síria, segundo a imprensa local.
Em setembro, as autoridades australianas elevaram o alerta terrorista para "alto", devido à possibilidade de possíveis ataques a cargo de uma só pessoa, pequenos grupos ou grandes organizações.