Dança é mania na web, foi adotada por Anitta e desponta como hit do verão.
MC de 20 anos se diz 'sem rótulo': 'Já fiquei com meninas e meninos'.
Há um ano, um autor de hit sensual de funk carioca provocou colegas paulistas ostentadores: "SP tem mais dinheiro, o Rio transa mais", disse o DJ João Brasil. O cenário é outro em 2015. O funk paulista esquece o luxo e adota a ousadia. Aos 20 anos, a MC Tati Zaqui é nome forte nesta nova onda, e ainda desafia o domínio masculino na cena de SP. "Parara tibum" (ouça) é mania em vídeos de dança na web e invade até a praia carioca. "Graças a Deus estourou. 'Tá o fluxo'", comemora a funkeira de cabelo azul.
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"Parara tibum" tem a melodia de "Heigh-ho", do filme "Branca de neve e os sete anões". O "eu vou, eu vou, sentar agora eu vou" já apareceu em shows de Anitta (veja) e dos Aviões do Forró. A música sensual tem milhões de acessos na web, no canal da cantora e em vídeos de fãs dançando. Um deles chegou a ser creditado a Bruna Marquezine - o boato incorreto só ajudou a espalhar a mania. As produções amadoras são incentivadas e compartilhadas por Tati.
Com o empurrão de Anitta, a faixa começa a tocar no Rio - feito raro para funkeiro de SP. Tati Zaqui já marcou shows cariocas para o fim do janeiro. O objetivo da garota, nada modesta, é ter o hit do verão. "Se o Tchan conseguiu entrar na TV e no rádio falando 'mete em cima, mete em baixo', eu consigo também. Há um preconceito contra o funk. Não acho que tem algo que possa impedir de ser hit de Carnaval", diz.
Minas e manos
A cada post para os 770 mil fãs no Facebook, seja de um funk original, de uma paródia de arrocha ou de uma imitação de Ben 10, Tati ganha uma enxurrada de curtidas. As fotos ganham elogios de homens e mulheres. "Já fiquei com outras meninas e com meninos. Não tenho rótulo. Vivo do momento", diz Tati. Hoje ela está solteira, sem "tempo de conhecer alguém". "Mas se eu perguntar no Facebook, candidato vai ter", brinca. "Nunca fiquei com fã, mas ficaria, se a pessoa se mostrar diferente", afirma.
A cada post para os 770 mil fãs no Facebook, seja de um funk original, de uma paródia de arrocha ou de uma imitação de Ben 10, Tati ganha uma enxurrada de curtidas. As fotos ganham elogios de homens e mulheres. "Já fiquei com outras meninas e com meninos. Não tenho rótulo. Vivo do momento", diz Tati. Hoje ela está solteira, sem "tempo de conhecer alguém". "Mas se eu perguntar no Facebook, candidato vai ter", brinca. "Nunca fiquei com fã, mas ficaria, se a pessoa se mostrar diferente", afirma.
Tati Zaqui acompanha duas ondas recentes do funk de SP. A primeira é a queda do funk ostentação. "Ele já teve sua época", a MC decreta. "Não tenho nada para ostentar. Acho feio falar que tenho o carro tal, e aí as pessoas me verem no ônibus. Já pensou que vergonha?", ironiza. A segunda é a entrada de mulheres na cena de SP, via redes sociais. As MCs Veroki, Medrado, Bella e Shakria também brilham ao tirar foto no espelho e cantar funk e rap para postar no Facebook.
O resultado são músicas que reivindicam para as mulheres a mesma liberdade sexual de novos ídolos atrevidos, como MC Livinho e Pedrinho. Além de "Parara tibum", ela canta sobre pegar famosos ("Rolê com Bieber"), se vingar do ex ("Tô dando risada"), rejeitar o príncipe ("Atual conto de fadas") e enfrentar os destruidores de coração ("Hey Don Juan cafajeste") - todas gravações amadoras, com centenas de milhares de visualizações.
"Ser mulher no funk é difícil pelo preconceito. É vista como puta, vagabunda. Por outro lado, é mais fácil pois já tem muito homem. Então mulheres chamam atenção". No entanto, ela diz que as mulheres no funk de SP não se falam muito: "Sabe como é, cobra querendo comer cobra", explica. Na segunda-feira (5), ela bateu boca com a MC Medrado no Twitter, depois de ser chamada de "desumilde". "Parece que procura intriga para subir o Ibope", alfineta. Mas ela diz que a discussão foi resolvida: "A gente já conversou".
Aeromoça formada
Tatiane Zaqui Ferreira nasceu em São Caetano (SP). Hoje mora em São André (SP) com os pais, aposentados - ele trabalhou com ferramentaria, ela com costura. "Sempre tive que trabalhar para ter o que queria", conta. Após terminar o Ensino Médio, seguiu o rumo do irmão mais velho, que quer ser piloto de avião. Fez curso de comissária de bordo. Pagou trabalhando três meses com telemarketing ("Foi horrível") e um ano e meio em escritório de contabilidade. Quando se formou aeromoça, o funk entrou na rota.
Tatiane Zaqui Ferreira nasceu em São Caetano (SP). Hoje mora em São André (SP) com os pais, aposentados - ele trabalhou com ferramentaria, ela com costura. "Sempre tive que trabalhar para ter o que queria", conta. Após terminar o Ensino Médio, seguiu o rumo do irmão mais velho, que quer ser piloto de avião. Fez curso de comissária de bordo. Pagou trabalhando três meses com telemarketing ("Foi horrível") e um ano e meio em escritório de contabilidade. Quando se formou aeromoça, o funk entrou na rota.
"Desde os sete anos eu fazia composições e ficava cantando - na escola, na quermesse, em qualquer lugar. Era Xuxa, música italiana de novela, tudo do meu jeito, no 'embromation'. Todo mundo ficava admirado, mas fui levando como um hobby. Até eu postar na internet uma música que fiz em homenagem ao MC Kauan [outro funkeiro de São Paulo]", conta.
A inusitada homenagem, feita em 2013, chamou atenção na cena de funk de SP. "O MC Kauan compartilhou e no dia seguinte tinha 5 mil seguidores", diz Tati. Sem conhecer ninguém da cena do funk, acabou mergulhando no estilo, em que encontra cada vez mais destaque. "Achei meu lugar no funk. Sou espontânea. Posso me soltar, conversar com o público, ser quem sou, não preciso fingir."