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Hospital de Santo Antônio do Descoberto, na divisa de Goiás com o Distrito Federal, custou quase R$ 5 milhões, ficou pronto há 8 anos, mas nunca atendeu a nenhum dos 1,2 mil pacientes previstos por dia.

Na semana passada, o Jornal Nacional mostrou a situação caótica do Hospital de Base, em Brasília, onde um paciente que precisa de uma cirurgia de urgência precisa esperar durante dias numa fila. Nesta terça-feira (20), o repórter Marcos Losekann mostra um dos motivos dessa superlotação.
Um cachorro preguiçoso, uma cerca enferrujada e um guarda desarmado. É tudo o que protege o patrimônio da saúde pública. O Hospital de Santo Antônio do Descoberto, na divisa de Goiás com o Distrito Federal, custou quase R$ 5 milhões, ficou pronto há 8 anos, mas nunca atendeu a nenhum dos 1,2 mil pacientes previstos por dia. A população já cansou de esperar.
O único hospital da cidade de 200 mil habitantes está em reforma. Não interrompeu o atendimento, mas não tem condições de cuidar de doenças graves.  Segundo a prefeitura, a solução pros casos mais complicados é a ambulância que leva os pacientes para os já abarrotados hospitais de Brasília.
“É vergonhoso. E como prefeito eu sinto envergonhado”, afirmou Itamar Lemes do Prado, PDT, prefeito de Santo Antônio do Descoberto.
Situação ainda pior foi encontrada em Águas Lindas de Goiás. Lá só existe o esqueleto do que seria um dos maiores hospitais do Entorno do Distrito Federal. Mato e teias de aranha tomaram conta da área destinada ao centro cirúrgico.
A obra em Águas Lindas de Goiás custou mais de R$ 15,6 milhões aos cofres públicos e era para ter sido concluída em março de 2010. Mas parou muito antes disso. Nem um terço ficou pronto. Faltam vidros nas janelas, paredes, em algumas alas. E o piso é chão batido.
O hospital teria 152 leitos e poderia atender até 1,5 mil pessoas por dia. Para tirar esse patrimônio da UTI, do descaso e do abandono serão necessários, pelo menos, R$ 20 milhões. Mas até agora o hospital só recebeu promessas. 
As informações foram passadas pelos engenheiros do governo de Goiás, que nesta terça-feira começaram a fazer um levantamento da situação.
Enquanto isso, quem precisa de médico disputa vaga no pequeno hospital da cidade. Ou em uma das cinco ambulâncias com destino a Brasília.
“Ambulância não é solução. A solução é fortalecer atenção primária, ter médicos qualificados”, disse Willem Madison Teixeira, secretário municipal de Saúde.
Resolver o problema na origem pode não só desafogar o sistema hospitalar da capital do Brasil, mas principalmente evitar situações degradantes como a que flagramos nesta terça. Dona Irene, de 70 anos, com a perna quebrada há 4 dias, viajou 8 horas do interior da Bahia para chegar a Brasília. Perambulou por vários hospitais durante toda a madrugada até conseguir uma vaga. Agora vai ficar na fila da cirurgia.
Ministério da Saúde afirmou que está negociando a retomada das obras dos hospitais com o governo do estado de Goiás e as prefeituras. Mas ainda não tem prazos definidos.

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