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BC fez dois leilões no dia, mas não conseguiu conter a alta.

Moeda subiu 2,46%, para R$ 2,396 na venda.

Da Reuters
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O dólar fechou em alta ante o real nesta sexta-feira (16), pelo quinto dia seguido, alcançando o patamar de R$ 2,39 pela primeira vez em mais de quatro anos.
A moeda americana subiu 2,46%, para R$ 2,396 na venda. É a maior cotação no fechamento desde 3 de março de 2009, quando fechou a R$ 2,411. Veja cotação.
O Banco Central fez dois leilões nesta sexta, mas não conseguiu impedir a alta.
Após uma semana de alta, a moeda acumula valorização de 5,36%. No mês, a alta é de 4,98%. No ano, a moeda já subiu 17,18%.
A divisa norte-americana vem subindo ante o real, por conta do pessimismo dos investidores com os fundamentos da economia brasileira e à expectativa de que os Estados Unidos comecem em breve a cortar seu programa de estímulo monetário, reduzindo o apetite do mercado por ativos de risco.
"As empresas não têm interesse em swap com dólar neste nível, então quem está comprando os contratos são os especuladores. Além disso, o mercado à vista está sem liquidez. A pressão vem daí", afirmou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme. "O BC precisa mudar de estratégia".
Os swaps vinham atendendo à demanda de empresas que buscavam proteger seus ativos em dólar do esperado fortalecimento da divisa norte-americana. Para Nehme, no entanto, essa operação deixou de ser interessante num momento em que o dólar renova constantemente máximas em anos. "Quem já fez (hedge), fez. Quem não fez, prefere ficar nessa taxa".
Leilões do BC
O BC atuou em dois momentos nesta sessão. O primeiro, logo no início do pregão, fazendo leilão de rolagem de contratos de swap cambial tradicional --equivalente a venda futura de dólar-- que vencem em setembro deste ano. Na quinta-feira, O BC anunciou que irá rolar 100.800 contratos de swap cambial, no valor similar a US$ 5,04 bilhões.
Nessa primeira intervenção, foi vendido o lote total de 20 mil contratos com vencimento em 1º de abril do ano que vem. O volume financeiro foi equivalente a US$ 989 milhões.
No segundo leilão, no entanto, o BC vendeu 21,6 mil contratos para 1 de novembro de 2013 e 1 de abril de 2014, pouco mais da metade da oferta total de 40 mil contratos. O volume financeiro foi equivalente a US$ 1,076 bilhão.
Dúvidas sobre estratégia
Analistas do mercado têm destacado que a autoridade monetária não conseguirá reverter a tendência de alta sem atuar no mercado à vista. Na quinta-feira, no entanto, o BC afirmou em comunicado que "continuará com sua política de intervenções pontuais no mercado futuro de câmbio", declaração que foi interpretada por investidores como um sinal de que, por enquanto, o BC não pretende vender dólares no mercado spot.
Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que a cotação do dólar mudou de patamar, para um nível mais elevado, mas afirmou que o câmbio atual não é definitivo. “Este câmbio não é definitivo. Pode subir mais um pouquinho, cair mais um pouquinho, ficar onde está, não sei dizer, mas o governo age no sentido de impedir que haja uma excessiva volatilidade”, disse.
Segundo o ministro, o "novo câmbio" é decorrência das expectativas de que a política monetária nos Estados Unidos pode mudar e também por causa da balança comercial, que passou vem registrando quedas de superávit.
O ministro não falou sobre patamares desejáveis, mas disse que não acredita que o dólar chegará ao final do ano cotado a R$ 2,70, como estima setores do mercado. “Não acredito nos patamares elevados que estão sendo mencionados”, disse. "Onde o câmbio vai ficar não sei dizer. Ele vai continuar tendo alguma volatilidade. Eu espero que em breve o Fed deixe mais claro os passos que irá dar de modo que essa volatilidade diminia e o cambio se estabeleça em algum patamar", acrescentou.
Segundo o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, a autoridade monetária pode escolher, ainda, voltar aos mercados por meio de leilões de linha. "Dessa maneira, ele pode convencer os bancos a fornecer essa liquidez que está faltando", emendou Nehme.
Confiança na economia
Apesar de as preocupações sobre o rumo da política monetária dos Estados Unidos afetarem todas os mercados emergentes, o real tem se enfraquecido mais do que outras moedas devido à falta de confiança dos investidores no desempenho da economia brasileira.
Para o banco Barclays, o dólar terá elevação gradual chegando a R$ 2,45 nos próximos 12 meses. Já o banco Brasil Plural prevê que, no curto prazo, o dólar pode bater R$ 2,50.
"Estamos preocupados que a deterioração dos fundamentos brasileiros (conta fiscal pior, aumento do déficit em conta corrente e falta de planejamento de longo prazo do governo) levará a um downgrade (da nota brasileira) de crédito no primeiro trimestre de 2014, o que pressionará mais o real", disseram os analistas do banco.

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